Gramática e interpretação de texto
- Juliana Junger
- Oct 1, 2017
- 2 min read
A gramática salvando vidas:

Lembro que quando eu estava na escola, as provas de português incluíam perguntas sobre gramática e interpretação de texto. A gramática nunca me assustou muito: apesar de ser chata, era só decoreba e não tinha muito mistério. A parte de interpretação de texto sempre me dava calafrios. Achava totalmente subjetiva e que, teoricamente, não podia haver uma única resposta certa. Quando algum professor rejeitava a minha interpretação, eu geralmente tentava argumentar, mas não me lembro de ter tido muito sucesso.
Nem em casa o português me deixava em paz. A minha madrinha era professora de inglês e português, e sempre me corrigia quando eu cometia algum erro, o que acontecia com certa frequência. As correções invariavelmente implicavam em beliscões ou caldos na piscina, o que me levou a prestar muita atenção em como falava e escrevia. Acabei me transformando numa adoradora da gramática, apesar de volta e meia cometer alguns assassinatos; nem todo dia é dia de festa.
Eventualmente percebi que a gramática está diretamente relacionada com a interpretação do texto: um texto mal escrito não pode ser bem interpretado, embora um texto bem escrito possa ter mais de uma interpretação (nessa vou sempre discordar dos meus antigos professores). A interpretação de um texto, e mais especificamente de quem escreveu o texto, também vai depender do estado de espírito do leitor. Um ponto final pode ser encarado como rispidez ou só como o final da frase mesmo; o de exclamação pode funcionar como veículo de raiva ou de felicidade; o de interrogação pode indicar uma cobrança ou uma sugestão, por exemplo.
Na época digital em que vivemos, acho a gramática cada vez mais importante, já que cada vez escrevemos mais (mesmo que a escrita seja através de um híbrido de palavras com carinhas ou florzinhas); ajuda a nos comunicar melhor e também na interpretação dos outros. Saber do contexto também é importante, já que frases soltas associadas à falta de informação dão margem a interpretações errôneas e, consequentemente a reações ou avaliações inadequadas. Já andamos todos com tanta pressa para fazer tudo, podíamos pelo menos escrever com mais calma./.../!
Ele ainda não chegou em casa.
Uau, deve estar aproveitando bastante a viagem! ou
Isso é preocupante!
Você vai à festa?
Mesmo com todo esse trabalho por fazer? ou
Que ótimo, queria uma companhia!
Não acredito! (mentiroso!)
Não, acredito! (acredito sim!)
Acabou.
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